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As Raizes de Amora

As Raizes de Amora é um espaço dedicado ao reencontro de amorenses, sua história, cultura e memórias.

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A Quinta da Atalaia em Amora, um lugar com História (3)

07.11.20, os amorenses
A Quinta da Atalaia em Amora, um lugar com História (3)
 
Quarta Feira, 26 de Agosto de 2020

Quinta da Atalaia.jpg

A PAISAGEM NA QUINTA DA ATALAIA

Já no ano de 1924, Raúl Proença, no seu Guia de Portugal, recomenda aos viajantes um atalho, que sobe de Amora até ao Alto da Atalaia, escrevendo: "Esse caminho em plena Primavera é um verdadeiro deslumbramento pela profusão extraordinária de flores, que esmaltam os campos e que quase afogam os vinhedos numa onda espessa e policroma de papoilas, malmequeres, goivos, rosmaninho e tremoços bravos."
Algumas linhas à frente, continua o mesmo escritor: "Junto aos casais da Atalaia, um magnífico pinheiro manso, que se bipartiu, e inclina até ao chão a copa enorme, merecia ser classificado como monumento nacional e, mais adiante, um lindo laranjal de folhas luzentes, semelha um parque à beira-rio."
Panorâmica sobre o Mar da Palha e a Ponta dos Corvos, vendo-se em primeiro plano os VINHEDOS, os POMARES, o ARVOREDO e o AEROMOTOR da Quinta da Atalaia. Imagem do inicio dos Anos 80 do Século XX
A QUINTA, NO TEMPO DA FAMÍLIA REYNOLDS
Pelo menos desde meados do século XX e até ao ano de 1989, ano da aquisição da Quinta da Atalaia pelo Partido Comunista Português, tendo em vista a realização da Festa do Avante, a referida Quinta pertenceu à família Reynolds, ao que parece, de ascendência inglesa.
Segundo planta desta propriedade, datada de 1948, e existente ainda hoje numa das dependências locais, pode-se constatar que a mesma tinha uma área superior a 25 hectares, fazendo fronteira com as vizinhas quintas da Barroca, Medideira, Cheira-Ventos, Ferrado e fábrica da pólvora do Cabo da Marinha.
Nesse tempo, conforme se pode ler na legenda do mapa, eram ainda referenciados vastos vinhedos, 11 hectares, que cobriam a maior parte da área da Quinta, mas também terras de semeadura, horta, pomares, olival, pinhal e sobreiral.
Painel de Azuleijos aplicado no exterior da antiga casa de habitação da Quinta da Atalaia em Amora
No que refere a infraestruturas agrícolas, são assinalados dois poços, um deles ainda hoje existente e possuidor de aeromotor, assim como todo um sistema de rega, onde se incluíam tanques e condutas de irrigação. Uma eira é igualmente localizável, tendo em vista a debulha dos cereais.
Junto das casas de habitação, não faltava, para além do lagar equipado com prensa e cincho, a adega, onde o vinho era armazenado, assim como outras instalações agrícolas, onde se incluíam a vacaria, os currais, a abegoaria e outras arrecadações para alfaias, fertilizantes, sementes ou outros.
Dependencias e Jardins da Quinta da Atalaia, em Amora, depois de restauradas - Imagem de 2003
No que diz respeito à produção de vinho, no tempo em que "Zé da Gaita" era caseiro da Quinta e figura popular da região, seriam muitos os hectolitros produzidos, quer de branco quer de tinto.
Atualmente ainda é possível ler a capacidade de cada uma das dez cubas de cimento existentes na adega, que se encontra registada na frente de cada um dos reservatórios. Um total de 107 220 litros.
 
Já em meados dos anos 80, (século XX), ainda antes da sua compra ser feita pelo PCP, foram desanexadas da vastíssima propriedade da Atalaia algumas parcelas, como foi o caso da Quinta do Batateiro, hoje urbanizada, e da Quinta do Vale de Achada, onde se encontram instalados parques de criação de perdizes e de faisões.
Algumas linhas à frente, continua o mesmo escritor: "Junto aos casais da Atalaia, um magnífico pinheiro manso, que se bipartiu, e inclina até ao chão a copa enorme, merecia ser classificado como monumento nacional e, mais adiante, um lindo laranjal de folhas luzentes, semelha um parque à beira-rio."
 
fonte: “Amora Memorias e Vivencias d’Outrora” do Prof. Manuel Lima