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As Raizes de Amora

As Raizes de Amora é um espaço dedicado ao reencontro de amorenses, sua história, cultura e memórias.

As Raizes de Amora é um espaço dedicado ao reencontro de amorenses, sua história, cultura e memórias.

Maria da Piedade e Magnaldo Malta e o Inicio do Futebol Feminino no Amora FC

16.11.20, os amorenses

O nosso post traz à memória de uns e ao conhecimento de outros quem foram estes amorenses que, com a sua forma de ser e modo afável de lidar com todos ganharam o respeito e a consideração pela sua simpatia, respeito e humanidade pelo próximo. 

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Maria da Piedade e Magnaldo Malta marcaram ao longo dos anos, muitas gerações de crianças em Amora, em diversas áreas da educação do nosso povo, como poderão ler em seguida. Maria da Piedade nas escolas e cantina guiando e tomando conta das crianças e Magnaldo Malta no clube do seu coração, que depois de arrumar as botas se dedicou ao treino de jovens masculinos e femininos por longos anos.  
É aqui que começa a história do FUTEBOL FEMININO DO AMORA FC na década de 60. 

 

Magnaldo Malta  
nasceu em Amora, na Rua Conselheiro Custodio Borja N ° 47 em 03/12 /1930.

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Por estes anos era normal os filhos ajudarem os pais de alguma forma e Magnaldo não fugia à regra, cedo começou a trabalhar para ajudar em casa, ajudava os peixeiros, dava serventia aos pedreiros e outros trabalhos.  

Atividades Profissionais 
Aos 18 anos foi trabalhar para a Fábrica de Lanifícios de Arrentela, onde foi tecelão.  

Aos 20 anos foi trabalhar para a Fábrica de Explosivos, S.P.E.L. já em Sta. Marta.  
Começou como operário, na secção mais perigosa da fábrica (onde se produzia a nitroglicerina), era o coração da fábrica. Foi um funcionário muito dedicado e competente, pelo que foi promovido a encarregado e mais tarde a chefe da secção, com as regalias dos engenheiros (só o diretor da empresa estava acima dele).  
Foi o único funcionário, que recebeu um louvor, pelos serviços prestados à S.P.E.L. .  (Ver Louvor nas fotos mais abaixo)

A fábrica era a sua segunda casa, a sua oficina, que podia ir pelos ares, de uma hora para a outra era o seu cuidado e mantinha o espaço com tudo muito limpo e bonito onde mantinha um jardim com videira e figueira.” 

Reforma-se com 40 Anos de serviço e pouco tempo depois foi-lhe diagnosticado um tumor cerebral, foi operado e como era benigno, recuperou quase a 100%. Teve pena de não poder treinar os miúdos do Amora FC, mas não podia correr o risco de uma bolada na cabeça. 

Atividades Desportivas 
Magnaldo Malta iniciou-se para o futebol na época 1949/50 no clube da sua terra, o clube do seu coração, o Amora Futebol Clube, nas camadas jovens é Campeão Distrital pelos Juniores na época 1949/50.  

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Jogou pelos Séniores cerca de 15 Anos, tendo sido Campeão Distrital na época 1953/54. 

Foi treinador do futebol juvenil e fundou com sua Esposa, Maria da Piedade, o futebol feminino do Amora Futebol Clube no início da década de 60, que mantiveram até à década de 80.  

Foram muitos Anos de dedicação ao clube do seu coração e aos jovens de Amora, que o viram trabalhar enquanto saudável por uma causa comum, tornando possível a educação física e o desporto a inúmeros rapazes e raparigas de Amora e não só, por muitos Anos. 

Atividades Cívicas 
Em conversa com a sua filha Maria da Conceição Lousada, a São Lousada para muitos de nós, pedimos que se referisse a algumas atividades cívicas em que o pai tenha participado ao longo dos Anos e concluímos que o Sr. Magnaldo Malta se preocupava com o desenvolvimento da sua terra. Diz-nos que o pai lhe ensinou que:  “A nossa terra é a nossa segunda mãe" 

Foi colaborador da Tribuna do Povo enquanto foi feita em Amora, fazia a sua distribuição com o meu primo Zeca, diz-nos. 

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Após o 25 abril colaborou de várias formas com a comissão de moradores de Amora de Baixo.  

Lembro-me que os primeiros contentores do lixo foram arranjados por ele a partir de bidões do ácido da SPEL. Eram mais de uma centena, vinham já pintados e numerados.  
Até então, o lixo era deixado à porta de casa ou nos prédios pendurados em cordas, para ser levado pelos funcionários da Câmara.  

Colocação das Placas Identificativas da Cidade, o meu pai ajudava abrindo os buracos e fazendo cimento (ele era um homem de ação). 

Colocação de placas toponímicas com o nome do JOSÉ CARLOS CUNHA.  

Enfim, ele era um amorense que amava a sua terra e provou-o das mais variadas formas, era um homem de carácter irrepreensível, amigo do próximo, voluntarioso, dedicado à família.  

Sempre combateu o sedentarismo, incentivando jovens e seniores a praticar exercício físico. Ele andava de bicicleta, corria, caminhava muito.”  

Magnaldo Malta faleceu em Amora no Dia 01 de Setembro de 2011 com 81 Anos de idade. 

 

Maria da Piedade Malta  
nasceu na Torre da Marinha, em 01/07/31 e em criança veio morar para a mesma rua onde Magnaldo nasceu e morava em Amora, a Rua Conselheiro Custodio Borja. 

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Atividades Profissionais 

Começou a trabalhar aos 15 anos, na Fábrica de Lanifícios de Arrentela 

Com 16 anos veio para os Produtos Corticeiros em Amora onde trabalhou 10 anos.  

Entrou na função pública como contínua, na Escola de Amora, onde trabalhou 31 anos até se reformar. Como gostava muito de crianças, trabalhava por gosto, com o seu modo afável de lidar com todos, ganhou o respeito e consideração dos professores e alunos. 

Atividades Desportivas 
“Depois de casada e a partir de 1963 colaborava com o meu pai no futebol feminino (era roupeiro e massagista).

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Continuou a tratar da roupa das equipas masculinas do futebol juvenil, treinadas pelo meu pai, era uma forma de não haver trocas de equipamento.  

Quando o Amora subiu à primeira divisão, ajudou a preparar o terreno para a plantação da relva.” 

Atividades Cívicas 

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A nível social cedo mostrou dotes artísticos, cantando, representando e dançando fazendo parte do grupo de teatro amador da SFOA. Entrou em várias peças e operetas, fez parte da Marcha de Amora que desfilou na noite de St°. António, em Lisboa.” 

As minhas amigas de infância lembram com saudade os passeios que davam com a minha mãe, as tardes no Cabo da Marinha, na Piscina do Muxito, enfim as mães delas confiavam as filhas à minha mãe.” 

“Era fácil encontrar ao longo da sua vida, manifestações de carinho, por parte dos jovens amorenses, em relação à minha mãe. A sua filosofia de vida assentava na tolerância e no perdão. Não me lembro de ver a minha mãe discutir com alguém de forma agressiva.” 

“Recordo as nossas mães (Maria da Piedade Malta e Helena Ferreira), eram muito amigas. Trabalharam juntas na escola, lembro-me delas na cantina escolar a fazer sopa de feijão e legumes para as crianças mais carenciadas, acompanhada com o quarto de pão escuro. Lembro-me do sorriso doce da tua mãe, que falava baixinho, enfim era uma mulher bondosa também.” 

Maria da Piedade Malta viria a falecer em Amora em 01 de dezembro de 2018. 

Estão ambos sepultados no Cemitério de Amora. 

No seguimento da nossa conversa, soubemos de alguns pormenores deste casal amorense e das peripécias que passaram ao longo das suas vidas.  

Magnaldo Malta com 18 anos e a trabalhar na Fábrica de Lanifícios de Arrentela, ouve a explosão de 1948 na Fábrica da Pólvora em Amora, junto ao Campo da Medideira, onde sua Mãe trabalhava e conta-nos Maria da Conceição Lousada: 

ele veio a correr porque a minha avó, trabalhava lá. Quando chegou ela já estava no portão, levou-a num táxi, para o hospital. A minha avó, sobreviveu à explosão e voltou a trabalhar até à reforma na SPEL.” 

“Ele trabalhou lá até se reformar, muitos sustos eu e a minha mãe, apanhámos quando ouvíamos um estoiro.... muitas vezes eram experiências e quando eram explosões, o meu pai era o último a sair porque não era tão simples como desligar um botão...  
A minha mãe pensava que ele tinha morrido e até que ele chegasse não havia descanso.” 

"Foi jogador sênior do Amora FC durante 15 anos, tenho uma imagem remota, de estar a assistir a um jogo e ele vir dar-me um beijo no intervalo... "

Maria da Conceição Lousada lembra ainda os saudosos tempos do Futebol Feminino do Amora FC e da “família” que se formou neste grupo lembrando a MIMI:  
A Mimi vinha de Sesimbra jogar pelo Amora. Era fora de série, os adeptos vibravam com os seus golos.... Ela acabava por passar alguns dias em minha casa, porque sentia - se bem conosco e em casa dela eram dez irmãos... Aqui dormia sozinha no sofá / cama, gostávamos muito dela. Perdi o contacto, sei que trabalhou no Hotel do Mar, agora já deve estar reformada!!! 

UEFA APROVOU PROVAS FEMININAS E O AMORA FC APRESENTAVA A SUA EQUIPA FEMININA DA ÉPOCA 1981/82 FRENTE AO SL BENFICA.27.09.1981 fonte: Diario de Noticias

 

 

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Para o futuro fica a bonita história deste casal amorense, que deram o melhor que tinham em prol do povo da sua terra, Amora. 

Agradecemos à Maria da Conceição Lousada a cedencia das fotografias e outros documentos que compoem este post.
 

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